e prática dos mágicos. Mas o resultado vale a pena: difícil quem não
se deixe embasbacar diante de um número bem feito

O lugar: um salão simples e velho de um hotel discreto, no centro de Curitiba.
As pessoas: mágicos de todas as idades, amadores e profissionais, que usam
os mais diferentes truques e apetrechos, como cartas e engenhocas, para
surpreender o público. Durante o 10º Festival de Mágica do Paraná, organizado
pela Magipar (Associação dos Mágicos do Paraná), cada um dos reis da magia
andava de mesa em mesa atrás de novas surpresas para adicionar aos seus números.
e está na raiz da carreira de todos que escolheram esse caminho. Micael Albrescht,
de 25 anos, e o pequeno Felipe Sauer, de 13, abriram os horizontes para esse novo
mundo quando ainda eram crianças, entre os 9 e os 10 anos, depois de ganharem
um kit de mágica infantil. Fascinados pela brincadeira, eles passaram a procurar por
outros truques e profissionais que pudessem ajudá-los a ir além do que já sabiam.
“É desse jeito que começam praticamente todos os mágicos”, conta Micael.
basta ter um pouco de interesse em conhecê-los. Eles estão espalhados pela internet,
em fóruns e em grupos de redes sociais, como o Orkut, e em DVDs e livros
especializados. Logo, não há impedimento algum para saber como tirar um
coelho da cartola.

de ser uma prática “oculta”, quase exclusiva. “É uma arte para poucos, porque não
tem tanta gente assim que vai atrás para conhecer os truques. E além disso, alguns
dos aparelhos [os acessórios para fazer os truques] são caros”, explica o artista.
cartolas, varinhas, lenços e outros elementos mais vistosos. O público para o
qual se apresenta são as crianças, em eventos e festas de aniversário.
Mas Micael também cria e vende acessórios e truques para outros praticantes
pela internet e em encontros de magia. “Eu adapto alguns truques que já existem
e faço aparelhos de acordo com o que me pedem. Alguns mágicos,
por exemplo, precisam de caixas maiores para os seus números.
Eles encomendam e eu faço.”
a Meca da magia –, ele é considerado um mágico, e não um ilusionista.
os 9 anos, o garoto de Santa Catarina aprendeu todos os truques depois de
muita pesquisa na internet e contato com outros artistas. “Eu tinha um kit de
mágica que ganhei de presente, e comecei a procurar outros truques na internet.
Mas um dia vi uma apresentação na tevê e decidi que queria ser mágico”, lembra.
Poucos anos depois, durante um de seus espetáculos, Felipe foi descoberto por
um produtor do SBT, que o convidou para participar do Programa Raul Gil.
e até convenceu a mãe, que não andava muito contente com a ideia do filho,
a aceitar essa paixão. Mas ele só pode fazer os espetáculos sob uma condição:
tem que tirar boas notas no colégio.
deixam de estudar. Para continuar surpreendendo o público – o que, afinal, é a graça
e a razão de ser de todo show de mágica – os artistas têm sempre de se atualizar.
Micael, por exemplo, mantém a venda de aparelhos e truques pela internet, o que o
incentivou a procurar a formação em Direito para cuidar dos negócios. Já Felipe está
sempre atrás de novos truques para as suas apresentações. Porque afinal, como tudo
na vida, nem sempre um passe de mágica é suficiente para se realizar um sonho.
deixa que elas voem de uma mão a outra. Pede para escolher um naipe. Acerta.
Guarda o baralho no bolso, volta a balançar as mãos e “tcharam!”, tira uma bola
de sinuca do bolso de quem está assistindo. Jeff Aragon faz a chamada mágica
close-up, feita olho a olho com o público. Ele se apresenta em bares e encontros
empresariais para divertir os participantes.
tempo em que vive só dos shows. “Comecei a estudar as técnicas de manipulação
das cartas e outros objetos por DVD. Depois passei a usar uma mistura de técnicas
e efeitos. O que procuro é surpreender as pessoas, fazer com que o impossível
pareça possível. Esse é o segredo da mágica”, revela. E para conseguir sempre
esse resultado, Jeff pratica os números e a manipulação dos objetos pelo menos
duas horas por dia. “É quase um vício. Às vezes nem percebo que estou mexendo
nas cartas ou nas moedas.”
Fernanda Valério, de 18 anos, e Geisa Brambilla, de 19, pretendem seguir
a carreira de mágicas. Primeiro elas começaram por brincadeira, para ajudar nas apresentações de Felipe, irmão de Fernanda. Mas a vontade delas é continuar
nos palcos. “Quero muito trabalhar com isso, e vou seguir enquanto puder”,
conta Geisa, que carrega os instrumentos usados pelo mágico, além de
participar diretamente das apresentações.

Estilos
de mágica são os mais variados. Conheça os principais deles:
na televisão. Está ligada ao conceito de ilusionismo, que depende de grandes
aparatos e, às vezes, até mesmo das câmeras para acontecer. Um dos exemplos
mais célebres é o do mágico David Cooperfield (foto).

acessórios.
A diferença é que ela ocorre mais perto do público, que tem um contato maior
com o mágico e, portanto, é mais interativo. Muito comum em festas de aniversário
e eventos menores.
No Brasil, um dos mais conhecidos é o mágico Kronnus (foto).

close-up envolve cartas, moedas e outros objetos, usados pelo artista em
apresentações bem próximas do público. Exige grandes habilidades manuais.
Entre os mais conhecidos estão David Blaine e Criss Angel (foto).

08.10.2011 | | Fábio Cherubini •