sexta-feira, 30 de setembro de 2011

A magia que fascina

O mistério das performances e os truques visualmente inexplicáveis exigem muito estudo
 e prática dos mágicos. Mas o resultado vale a pena: difícil quem não
 se deixe embasbacar diante de um número bem feito

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Caixas, cartolas, cartas e varinhas. Atenção, atenção que a mágica está à venda.
 O lugar: um salão simples e velho de um hotel discreto, no centro de Curitiba.
 As pessoas: mágicos de todas as idades, amadores e profissionais, que usam
os mais diferentes truques e apetrechos, como cartas e engenhocas, para
 surpreender o público. Durante o 10º Festival de Mágica do Paraná, organizado
 pela Magipar (Asso­ciação dos Mágicos do Paraná), cada um dos reis da magia
 andava de mesa em mesa atrás de novas surpresas para adicionar aos seus números.
Essa busca por truques para impressionar o público é constante entre os mágicos,
 e está na raiz da carreira de todos que escolheram esse caminho. Micael Al­­­brescht,
 de 25 anos, e o pequeno Felipe Sauer, de 13, abriram os horizontes para esse novo
 mundo quando ainda eram crianças, entre os 9 e os 10 anos, depois de ganharem
 um kit de mágica infantil. Fascinados pela brincadeira, eles passaram a procurar por
 outros truques e profissionais que pudessem ajudá-los a ir além do que já sabiam.
 “É desse jeito que começam praticamente todos os mágicos”, conta Micael.
Diferente do que possa parecer, os segredos dessa arte não são tão misteriosos,
basta ter  um pouco de interesse em conhecê-los. Eles estão espalhados pela internet,
em fóruns e  em grupos de redes sociais, como o Orkut, e em DVDs e livros
especializados. Logo, não há impedimento algum para saber como tirar um 
coelho da cartola.
Jeff_Aragon_magico081011.jpg 
Mas, mesmo com toda essa facilidade para aprender as técnicas, a mágica não deixa
 de ser uma prática “oculta”, quase exclusiva. “É uma arte para poucos, porque não
 tem tanta gente assim que vai atrás para conhecer os truques. E além disso, alguns
 dos aparelhos [os acessórios para fazer os truques] são caros”, explica o artista.
Tevês e palcos
Micael é um mágico de palco, o que significa que os seus espetáculos envolvem
cartolas, varinhas, lenços e outros elementos mais vistosos. O público para o
qual se apresenta são as crianças, em eventos e festas de aniversário.
Mas Micael também cria e vende acessórios  e truques para outros praticantes
pela internet e em encontros de magia. “Eu adapto alguns truques que já existem
e faço aparelhos de acordo com o que me pedem. Alguns mágicos,
por exemplo, precisam de caixas maiores para os seus números.
Eles encomendam e eu faço.”
Segundo Micael, pelo fato de as suas apresentações não envolverem várias assistentes, luzes, câmeras e fogos de artifício, igual as performances tão comuns em Las Vegas –
 a Meca da magia –, ele é considerado um mágico, e não um ilusionista.
Quem segue passos parecidos com o dele é o jovem Felipe Sauer. Mágico desde
os 9 anos,  o garoto de Santa Catarina aprendeu todos os truques depois de
muita pesquisa na internet  e contato com outros artistas. “Eu tinha um kit de 
mágica que ganhei de presente, e comecei a procurar outros truques na internet.
Mas um dia vi uma apresentação na tevê e decidi que queria ser mágico”, lembra.
Poucos anos depois, durante um de seus espetáculos, Felipe foi descoberto por
um produtor do SBT, que o convidou para participar do Programa Raul Gil.
De lá para cá, o pequeno mágico passou a fazer mais shows por Santa Catarina,
e até convenceu a mãe, que não andava muito contente com a ideia do filho,
a aceitar essa paixão. Mas ele só pode fazer os espetáculos sob uma condição:
tem que tirar boas notas no colégio.
Suando a camisa
Não é porque não existe escola ou faculdade de mágica que os profissionais da área
 deixam de estudar. Para continuar surpreendendo o público – o que, afinal, é a graça
 e a razão de ser de todo show de mágica – os artistas têm sempre de se atualizar.
 Micael, por exemplo, mantém a venda de aparelhos e truques pela internet, o que o
 incentivou a procurar a formação em Direito para cuidar dos negócios. Já Felipe está
 sempre atrás de novos truques para as suas apresentações. Porque afinal, como tudo
 na vida, nem sempre um passe de mágica é suficiente para se realizar um sonho.
Nos bares e palcos
As mãos de Jeff Aragon são rápidas. Com as mangas arregaçadas, ele as mexe com naturalidade. Tira o baralho do bolso do paletó, embaralha as cartas com habilidade,
deixa que elas voem de uma mão a outra. Pede para escolher um naipe. Acerta.
Guarda o baralho no bolso, volta a balançar as mãos e “tcharam!”, tira uma bola
de sinuca do bolso de quem está assistindo. Jeff Aragon faz a chamada mágica
close-up, feita olho a olho com o público. Ele se apresenta em bares e encontros
empresariais para divertir os participantes.
Com 33 anos, o jovem estuda a mágica a sério há sete, mais ou menos o mesmo
tempo em que vive só dos shows. “Comecei a estudar as técnicas de manipulação
das cartas e outros objetos por DVD. Depois passei a usar uma mistura de técnicas
e efeitos. O que procuro é surpreender as pessoas, fazer com que o impossível
pareça possível. Esse é o segredo da mágica”, revela. E para conseguir sempre
esse resultado, Jeff pratica os números e a manipulação dos objetos pelo menos
duas horas por dia. “É quase um vício. Às vezes nem percebo que estou mexendo
nas cartas ou nas moedas.”
Igualmente encantadas pelo mundo da magia, as assistentes de palco
Fernanda Valério, de 18 anos, e Geisa Brambilla, de 19, pretendem seguir
a carreira de mágicas. Primeiro  elas começaram por brincadeira, para ajudar nas apresentações de Felipe, irmão de Fernanda. Mas a vontade delas é continuar
nos palcos. “Quero muito trabalhar com isso,  e vou seguir enquanto puder”,
conta Geisa, que carrega os instrumentos usados pelo  mágico, além de
participar diretamente das apresentações.
magico_gaz_081011.jpg
















Estilos
Da pirotecnia e grandes produções aos números com cartas e moedas, os tipos
de mágica são os mais variados. Conheça os principais deles:
Palco
A mágica de palco é uma das mais populares hoje em dia e é vista com frequência
na televisão. Está ligada ao conceito de ilusionismo, que depende de grandes
aparatos e, às vezes, até mesmo das câmeras para acontecer. Um dos exemplos
mais célebres é o do mágico David Cooperfield (foto).
David_Cooperfield_081011.jpg
Salão
Assim como a mágica de palco, a de salão também depende de caixas e outros
acessórios.
A diferença é que ela ocorre mais perto do público, que tem um contato maior
com o mágico e, portanto, é mais interativo. Muito comum em festas de aniversário
e eventos menores.
No Brasil, um dos mais conhecidos é o mágico Kronnus (foto).
gaz_magico_081011.jpg
Close-up
Um dos estilos mais populares entre os mágicos da nova geração, a mágica
 close-up envolve cartas, moedas e outros objetos, usados pelo artista em
 apresentações bem próximas do público. Exige grandes habilidades manuais.
 Entre os mais conhecidos estão David Blaine e Criss Angel (foto).
criss_angel_081011.jpg
Fonte: Magipar (Associação dos Mágicos do Paraná)
08.10.2011 | | Fábio Cherubini •


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